05/01/2009
Antibiótico antes de infecção salva vidas
De acordo com pesquisa feita em UTIs da Holanda, medida pode beneficiar pacientes em situação grave
Administrar antibióticos a pacientes internados em UTIs como medida preventiva pode salvar muitas vidas e supera os riscos
de a pessoa desenvolver resistência ao medicamento, concluiu um estudo holandês publicado no "New England Journal of Medicine".
Os pesquisadores acompanharam 6.000 pessoas em situação crítica que ficaram em unidades de cuidados intensivos por ao
menos dois dias, sob ventilação mecânica, em 13 hospitais holandeses. Voluntários que imediatamente tomaram antibióticos por
via oral tiveram probabilidade 11% menor de morrer, e os que receberam uma combinação de medicamentos por vias oral e intravenosa
correram 13% menos riscos que pessoas que não receberam essas drogas.
No Brasil, médicos têm opiniões diferentes sobre a descoberta. Para Ederlon Rezende, membro da diretoria da Associação
de Medicina Intensiva Brasileira, a pesquisa é uma das mais relevantes já feitas sobre o tema e pode causar grande impacto
sobre o modo como é feita a descontaminação dos pacientes que vão para a UTI.
"Estes resultados deverão ser discutidos
nos próximos congressos da especialidade a fim de estimularmos esta conduta para a grande maioria dos pacientes."
Já a supervisora da UTI de doenças infecciosas do Hospital das Clínicas de São Paulo, Ho Yeh Li, acredita que, aparentemente,
essas conclusões não são válidas no Brasil, onde o perfil das bactérias é diferente do daquelas encontradas no hemisfério
Norte. "Primeiro, temos que melhorar os recursos básicos das UTIs e depois fazer um estudo para ver se é possível aplicar
essa medida no Brasil", diz.
Na pesquisa holandesa, o número de infecções por bactérias resistentes a antibióticos não sofreu elevação entre as pessoas
que estavam usando os remédios. "Podemos afirmar que, nos pacientes de maior gravidade, o surgimento de bactérias resistentes
não é expressivo e é suplantado pelos benefícios de melhor controle das infecções que surgem na UTI e pela redução do risco
de morte", afirma Rezende.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, infecções hospitalares estão entre as principais causas de morte.
Fonte: Folha de São Paulo