01/09/2021
Em 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, CRM-PR e Associação Paranaense de Psiquiatria realizam palestra sobre o aprendizado em tempos de pandemia. Ações de alerta ocorrem em todo o País
Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM, organiza nacionalmente o Setembro Amarelo. O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano e envolve as Regionais da ABP e também os Regionais de Medicina, além de diversas outras organizações associadas à saúde. O CRM-PR, ao longo do mês, manterá a sua sede em Curitiba iluminada na cor amarela, em adesão ao movimento de conscientização.
No dia 10 de setembro, também como parte das atividades alusivas à campanha no Paraná, o CRM-PR, por meio de seu projeto de Educação Médica Continuada e da Comissão de Saúde do Médico, realizará com apoio da Associação Paranaense de Psiquiatria (APPSIQ) a palestra “Suicídio em tempos de pandemia: o que aprendemos?”. Será proferida pelo presidente da APPSiq, Júlio César Nogueira Dutra, no período das 19h30 às 20h10. Na sequência haverá mesa de debates sob coordenação da conselheira Laura Moeller. O evento é gratuito e exclusivamente pela web (inscrição AQUI).
Pandemia e o impacto
A pandemia do novo coronavírus já ultrapassa a marca de um ano e sete meses desde que o primeiro caso foi identificado no Brasil. As incertezas que cercavam e ainda cercam a doença e o consequente isolamento social como condição para evitar sua disseminação, com escolas fechadas, empresas aderindo ao home office, comércios encerrando suas atividades, além da impossibilidade de encontros frequentes com familiares e amigos, impactaram diretamente a vida das pessoas, que viram de um dia para o outro sua realidade e rotina mudarem drasticamente.
A saúde mental foi amplamente afetada por cada um desses fatores e a chegada do setembro amarelo, mês de prevenção ao suicídio, chama a atenção para a necessidade de reflexão sobre o tema. Com base nisso, as entidades promotoras do evento têm como objetivo apresentar a vivência dos psiquiatras no que diz respeito ao assunto e as novas demandas decorrentes das peculiaridades que a pandemia apresenta.
Estatísticas
São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e mais de 1 milhão no mundo. Trata-se de uma triste realidade, que registra cada vez mais casos, principalmente entre os jovens. Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias.
ACESSE O PORTAL DO SETEMBRO AMARELO
Com o objetivo de prevenir e reduzir estes números a campanha Setembro Amarelo cresceu e hoje alcança o Brasil inteiro. “Para isso, o apoio das nossas federadas, núcleos, associados e de toda a sociedade é fundamental. Como resultado de muito esforço, em 2016, garantimos espaços inéditos na imprensa e firmamos muitas parcerias. Conseguimos também iluminar monumentos históricos, pontos turísticos, pela primeira vez o Cristo Redentor, espaços públicos e privados no Brasil inteiro. Centenas de pessoas participaram de caminhadas e ações para a conscientização sobre este importante tema”, traz a apresentação da página do Setembro Amarelo, que exibe amplo material para auxiliar a todos na divulgação, incluindo a Cartilha Suicídio Informando para Prevenir.
Diretrizes
Em 2017, a ABP e o CFM criaram as Diretrizes para Participação e Divulgação do Setembro Amarelo®. O documento serve para orientar toda a sociedade sobre a participação na Campanha, como utilizar corretamente os materiais de utilidade pública produzidos e de que maneira incentivar o Setembro Amarelo em cada região.
As Diretrizes destinam-se a pessoas físicas, empresas e demais parceiros que queiram atuar junto à ABP e ao CFM na diminuição do estigma e, consequentemente, na prevenção ao suicídio. Acesse abaixo e saiba como participar da Campanha Setembro Amarelo.
Suicídios estão em patamar recorde no Paraná
Desde 2018 o número de suicídios registrados no Paraná persiste em patamar recorde, com mais de 900 registros por ano. Apenas em 2020, último ano com dados disponíveis, um paranaense deu cabo à própria vida a cada 10 horas, em média, uma informação alarmante e que também serve de alerta: é que no nono mês do ano acontece, nacionalmente, a campanha Setembro Amarelo, organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) com o objetivo de prevenir e reduzir esses números.
Dados do Ministério da Saúde, extraídos do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), revelam que desde 1979 (quando teve início a série histórica) até 2017 o Paraná jamais havia registrado, ao longo de um único ano, mais de 800 óbitos decorrentes de lesões autoprovocadas intencionalmente (termo utilizado para se referir ao suicídio pela na Classificação Internacional de Doenças - CID).
Em 2018, porém, essa barreira foi rompida pela primeira vez. Naquele ano, 915 pessoas se suicidaram no estado. No ano seguinte, o número subiu para 944 mortes. Já em 2020, os dados preliminares do SIM, divulgados recentemente, apontam para 900 suicídios no Paraná, o que dá a média de cinco suicídios a cada dois dias ou ainda um suicídio a cada 10 horas, em média.
Dessa forma, verifica-se que, embora o total de suicídios em 2020 (900) seja 4,7% menor que o verificado em 2019 (944), o número óbitos decorrentes de lesões autoprovocadas intencionalmente em 2020 é o terceiro maior de toda a série histórica, o que significa que o suicídio entre paranaenses, pelo terceiro ano consecutivo, permanece em patamar recorde.
A situação, no entanto, não é exclusividade do Paraná. Prova disso é que o Brasil registrou, entre 2002 e 2019, aumentos consecutivos nos casos de suicídio, que saltaram de 7.726 para 13.520 (um aumento de 75%, superior à alta de 63% verificada no Paraná nesse mesmo período).
No ano passado, no entanto, os dados preliminares apontam para uma queda nessas ocorrências: foram 12.751 óbitos decorrentes de lesões autoprovocadas intencionalmente em todo o país, 5,7% a menos que no ano anterior.
Os motivos para se comemorar, contudo, não são muitos. Além dos dados serem preliminares (o que significa que os números ainda podem vir a subir), em 2020, mesmo com um menor número de registros até aqui, um brasileiro deu cabo à própria vida a cada 41 minutos.
Campanha aponta fatores de risco e sinais de alerta
Neste ano, a campanha do Setembro Amarelo (mês de prevenção ao suicídio) terá como mote “Agir salva vidas!”. E para a ação ser possível, é importante que as pessoas fiquem atentas aos fatores de risco e sinais de alerta.
Conforme a ABP e o CFM, um primeiro fator de risco são os transtornos mentais. Isso porque praticamente todas as pessoas que cometem suicídio apresentam pelo menos um transtorno psiquiátrico, como depressão, transtorno bipolar, problemas com drogas líticas ou ilícitas, etc.
Outra questão importante é o histórico pessoal. Isso porque a tentativa prévia é o principal fator de risco para o suicídio e indivíduos que já tentaram dar cabo à própria vida têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente.
Além disso, é importante que as pessoas tenham atenção às ideações suicidas — comentários que demonstrem desespero e desamparo e expressões como “eu desejaria não ter nascido” ou “eu preferia estar morto” são sinais de alerta. Há também fatores estressores crônicos e recentes (como separação conjugal, migração, perda de uma pessoa próxima...).
No site do Setembro Amarelo é possível encontrar ainda mais materiais de apoio para se aprofundar no assunto.
Rede de apoio em Curitiba e no Paraná
Um dos centros de apoio emocional mais atuantes no Brasil é o Centro de Valorização da Vida (CVV). Nele existe o serviço de escuta 24 horas por dia. Basta ligar para 188 e solicitar o atendimento. O serviço também está disponível via internet pelo www.cvv.org.br e-mail, chat e Skype.
Além disso, em Curitiba há diversas opções gratuitas ou a preços módicos para aqueles que precisam de acompanhamento psicológico, mas não têm condição de bancar uma terapia com psicólogo particular.
O Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, oferece atendimentos e tratamentos em todos os serviços da Rede de Atenção Psicossocial na cidade. Além disso, seis instituições de ensino superior (PUCPR, UFPR, Uniandrade, UniBrasil, UP e UTP) oferecem atendimento psicológico ao público, com atendimento gratuito ou a preços módicos para pessoas que comprovem baixa renda.
RAIO X
Suicídios no Paraná e no Brasil, ano
a ano
(óbitos por lesões
autoprovocadas intencionalmente)
Paraná
2020: 900
2019: 944
2018: 915
2017: 774
2016: 760
Criando esperança através da ação
A campanha Setembro Amarelo, que debate mundialmente a prevenção ao suicídio, será ainda mais importante no contexto pandêmico da Covid-19. Antes mesmo de iniciativas de orientação e informação do mês de setembro, alusivas ao tema, a Secretaria de Estado da Saúde realizou no final de agosto a videoconferência “Criando Esperança através da Ação”, sobre a importância da ajuda e de ações efetivas na prevenção ao suicídio, promovida pela Escola de Saúde Pública do Paraná (ESPP).
“A saúde mental é uma das nossas pautas e desafios no cenário do pós-pandemia. Por isso, é importante que o assunto seja debatido e tenha ressonância na sociedade. Temos, mais do que nunca, de encarar essa questão de maneira franca, com empatia e buscando alternativas”, disse o secretário de Estado da Saúde, Beto Preto.
“As pessoas estão mais vulneráveis,
e atuamos ativamente para minimizar os efeitos que a pandemia pode causar’, continua o secretário.
No Paraná, foram 925 casos registrados em 2019,
o que dá uma média de cinco registros a cada dois dias. Os números são do Sistema de Informações
sobre Mortalidade (SIM).
Fontes: Portal Setembro Amarelo, Portal Bem Paraná, Sesa e CRM-PR.