06/01/2015

Agência Nacional de Saúde Suplementar publica resolução para estimular parto normal no setor privado

Resolução Normativa 368 foi publicada nesta quarta (7) no Diário Oficial da União. Operadoras terão 180 dias para se adaptarem às novas regras

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicaram hoje uma nova resolução que irá pressionar as operadoras a fiscalizarem mais hospitais e médicos para diminuir a quantidade de partos cesáreos feitos por planos de saúde no Brasil.

Leia a íntegra do documento.

O governo busca estimular o parto normal e reduzir as cesarianas, quando possível, pois o índice de nascimentos por meio cirúrgico chega a 84,6% do total realizado via planos de saúde. O índice é extremamente alto se comparado ao recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS): 15%.

Entre as novas regras, fica estabelecido que os planos de saúde devem informar às pacientes, em até 15 dias, a quantidade de cesarianas realizadas por médico, operadora e hospital, quando solicitados.

Segundo o governo, com essas informações em mãos, a mulher terá a oportunidade de analisar melhor e com calma o histórico do médico e do local em que o parto será realizado e pode ajudá-la a optar, inicialmente, pelo método normal. A multa para as operadoras que não prestarem as informações quando solicitadas pela gestante será de R$ 25 mil.

Partogramas

Outra medida é que as operadoras orientem os médicos a utilizarem partogramas, espécie de documento com registros do trabalho de parto, com dados estabelecidos pela OMS.

Segundo o ministro da Saúde, Arthur Chioro, procedimentos médicos desnecessários que venham a ser detectados em auditorias feitas pelas operadoras, como os próprios partos cesáreos, correm o risco de não precisarem ter o pagamento coberto. No caso, o médico e a equipe ficariam sem receber da operadora pelo procedimento realizado.

Com a iniciativa, o governo espera que os planos de saúde estimulem os médicos a usarem o partograma para reforçar a segurança da gestante e do profissional de saúde envolvido e, com isso, diminuir a quantidade de cesarianas no país.

"O bom obstetra usa esse documento como instrumento de segurança para mostrar o que foi realizado em caso de óbito infantil. Ele é decisivo se houver complicações também. Temos de induzir uma prática mais qualificada, com menos procedimentos desnecessários. Ele já é muito utilizado em hospitais públicos e privados. Agora vai se generalizar", afirmou Chioro.

A resolução determina também a inclusão de contatos da ANS no Cartão da Gestante e a orientação para que médicos utilizem partogramas com dados estabelecidos pela OMS.

Epidemia de cesarianas

Para o ministro, as inciativas devem ajudar o Brasil a se adequar aos índices estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS). "Não dá para a gente continuar considerando como normal o que não é normal, que é o parto cesáreo. O Brasil tem muito mais cesarianas do que o recomendado pela OMS, temos que reduzir isso."

Ele considerou ainda como "ilegal" a cobrança feita por médicos de uma "taxa de disponibilidade" - não coberta pelo plano de saúde - para acompanhá-la no parto normal, quando esta opta pelo procedimento. Isso porque esse procedimento, em geral, é mais demorado que a cesariana, ocupando mais o tempo do médico.

Para o diretor-presidente André Longo, o "ideal é que a mulher entre em trabalho de parto e depois decida qual será o modo [de parto]" e quais as medidas para ajudá-la nesta decisão.

As iniciativas foram formuladas com base em duas consultas públicas realizadas na internet entre outubro e novembro do ano passado. Elas contaram com a participação de operadoras, consumidores, gestores, entre outros.

Partos

O parto cesáreo é um procedimento cirúrgico para a retirada do bebê por meio de uma incisão abdominal. Ao todo, 84,6% dos partos realizados no Brasil com planos de saúde são cesáreos. A porcentagem deste tipo de parto no Sistema Único de Saúde (SUS) é menor: 40%. No país, levando-se em conta tanto a rede pública quanto a privada, a cesariana representa 55,6% do total dos nascimentos.

A recomendação da OMS é que somente 15% dos partos sejam realizados por cesariana, pois essa seria a porcentagem de situações reais de risco à mãe ou ao bebê se o parto for feito por via natural. A cesariana ainda triplica o risco de morte materna por causa de possíveis infecções e acidentes anestésicos, por exemplo.

Fonte: G1

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