14/06/2007
Adoção de nova guia de planos de saúde pode prejudicar usuários
Erros no preenchimento podem obrigar pacientes a pagar por consultas
Começou a ser adotada, este mês, uma guia padrão (Troca de Informações em Saúde Suplementar - TISS) que substitui todos
os formulários de pagamentos de consultas e pedidos de exame das operadoras de planos de saúde. A falta de entendimento entre
operadoras e médicos, no entanto, pode levar o consumidor a ter prejuízos: em caso de problemas com a guia, as consultas podem
ser cobradas diretamente do paciente para reembolso posterior, dizem os médicos.
A padronização imposta pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é um pleito antigo da classe médica. No entanto,
a forma de implantação está sendo criticada pelo Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) - que
publicou um comunicado à população, ontem, nos jornais. Os médicos alegam que receberam a guia na última hora e não foram
treinados para usá-la. E temem que erros no preenchimento possam fazer os pagamentos não serem autorizados: - Há operadoras
sugerindo que façamos a impressão da guia da internet. Não podemos ter mais este custo - queixase Márcia Rosa de Araújo, presidente
do Cremerj.
Segundo Marcia, a ANS deveria aproveitar a padronização da guia para adotar a Classificação Brasileira Hierarquizada de
Procedimentos Médicos (CBHPM). Hoje, diz ela, convivem várias tabelas de códigos de procedimentos, o que leva a um enorme
risco de erro.
Arlindo Almeida, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Medicina de Grupo (Abramge), diz que esta discussão
entre médicos e operadoras é antiga. Segundo ele, a CBHPM aumenta em 50% os custos dos procedimentos: - É possível adotar
os códigos dos procedimentos da CBHPM, mas os valores têm que ser discutidos entre médicos e operadoras. Com relação à TISS,
muitos laboratórios, hospitais e até médicos já estão preparados para utilização da troca de informação eletrônica. Temos
que começar a usar e os outros vão se adequando.
Jussara Macêdo, gerente geral de integração da ANS, explica que todas as medidas foram discutidas no Comitê para análise
do TISS, que reúne representantes de todos os segmentos deste mercado: - Queremos fazer tudo de forma consensual, ouvimos
todos e já adiamos a adoção da TISS. Nos próximos três meses vamos fiscalizar, mas de forma a orientar e acompanhar esta implementação.
Fonte: O Globo