04/05/2017
Congresso debate desafios da saúde nos países de língua portuguesa
A importância da bioética para a prática médica e a necessidade do fortalecimento das relações entre os médicos de língua portuguesa para a construção de uma ética médica que reflita a realidade dos países lusófonos marcaram os discursos realizados na manhã desta quinta-feira (4), em Brasília, durante a abertura do VIII Congresso da Comunidade Médica de Língua Portuguesa e sessão solene de comemoração dos 10 anos do doutorado em Bioética, oferecido pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP).
As saudações iniciais foram feitas pelo representante da Unesco, Amnon Carmi, que veio ao Brasil exclusivamente para participar da solenidade. Carmi elogiou o convênio entre o CFM e a FMUP “não conheço projeto similar” e instou os estudiosos a construírem uma ética a partir da realidade lusófona, mas na perspectiva de contribuir para a bioética mundial. Em seguida, o coordenador do Programa em Bioética e tesoureiro do CFM, Hiran Gallo, relatou os esforços realizados nesses 10 anos, ressaltando o empenho dos ex-presidentes do CFM Edson Andrade e Roberto d´Ávila e da atual direção em garantir o funcionamento do doutorado.
Como doutor em Bioética graduado pelo programa, Gallo enfatizou a importância dessa área de conhecimento para a atuação do médico. “Os dilemas éticos estão cada vez mais complexos, cabendo à bioética ser o farol a iluminar os caminhos”, ressaltou. O conselheiro também aconselhou aos alunos que vão iniciar a sétima turma do doutorado a serem dedicados e perseverantes “e tenham na dúvida a principal companheira”. Depois da fala do coordenador, foi apresentado um vídeo que resume os dez anos do doutorado.
Igualdade
O diretor do programa doutoral em bioética CFM/FMUP, Rui Nunes, enalteceu a presidência do CFM pela realização do convênio, “que só foi possível porque tivemos pessoas com vontade e empenhadas”. Também disse aceitar o desafio proposto por Carmi, de, a partir da lusofonia, contribuir para uma bioética mundial, tendo sempre como base o respeito à dignidade humana e a igualdade entre os povos. “O terrorismo só existe porque alguém não reconhece o outro como igual”, ponderou.
O representante da Ordem dos Médicos de Portugal e secretário permanente da Comunidade Médica de Língua Portuguesa (CMLP), José Manuel Pavão, elogiou “os corajosos marinheiros que estudam a bioética e se dispõem a iluminar os caminhos da medicina” e contou que na sua atividade como cirurgião neonatal enfrenta dilemas éticos cotidianamente, os quais são dirimidos a partir das reflexões feitas pela bioética.
A diretora da FMUP, Maria Amélia Ferreira, ressaltou o empenho do CFM e, também da Associação Médica Brasileira (AMB) nas discussões sobre bioética e enfatizou a necessidade de se criar uma rede de médicos lusófonos para que seja dada visibilidade as discussões em bioética realizadas no âmbito desses países. A vice-reitora para relações externas e culturais da Universidade do Porto, Maria de Fátima Marinho, lembrou que a solenidade marcava uma dupla comemoração, os 10 anos do doutorado e o oitavo congresso da CMLP, e que o convênio entre o CFM e a FMUP permitiu o estreitamento entre os médicos de língua portuguesa.
Para o presidente da AMB, Florentino Cardoso, o VIII Congresso da CMLP, mostra que apesar das tentativas divisionistas, os médicos lusófonos continuarão unidos em prol do paciente. “Continuaremos a exercer o ético desempenho da medicina, buscando a qualidade no atendimento e a segurança do paciente”, enfatizou.
O presidente do CFM e da Comunidade Médica de Língua Portuguesa, Carlos Vital, lembrou que a solenidade conjunta de abertura do VIII Congresso e de comemoração dos 10 anos do convênio CFM/FMUP é uma sinalização que os médicos lusófonos estão preocupados em construir uma bioética que reflita “a nossa cultura, a nossa moral”. Para Vital, o VIII Congresso, cujo tema é “Raízes, Realidades e Solidariedades”, tem o desafio de propor estratégias para construção de um mundo mais justo, em uma realidade cada vez mais globalizada.
Após a mesa de abertura, foi realizada a entrega dos certificados aos alunos da sexta turma do programa doutoral em Bioética. Nesses 10 anos, 180 participaram do curso e 14 teses foram defendidas. Quem fez o curso, mas não defendeu a tese, recebeu o título de especialista em bioética. As atividades do VII Congresso continuam até o próximo sábado (6).
Fonte: CFM