08/08/2008
ANS quer restringir oferta de planos coletivos de saúde
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai restringir a criação novos planos coletivos de saúde. O anúncio foi feito
nesta quinta-feira pelo presidente da instituição, Fausto Pereira dos Santos, durante audiência pública da Comissão de Defesa
do Consumidor sobre o Projeto de Lei 4076/01, do deputado Henrique Fontana (PT-RS), que muda a regulamentação dos planos de
saúde.
Segundo Santos, as novas normas terão "dois pilares básicos": aumentar as exigências sobre as entidades dispostas
a oferecer essa modalidade de plano e vedar que uma mesma prestadora de serviços administrativos trabalhe para as operadoras
e seus usuários.
Projetos desatualizados
Ele não detalhou mais as propostas, mas indicou que elas serão adotadas independentemente da aprovação do projeto
na Câmara. "Desde que a ANS foi criada [em janeiro de 2000], várias medidas provisórias e instruções normativas foram editadas
para regular o setor e deixaram desatualizadas muitas das propostas apensadas ao PL 4076/01, que também não vai tão fundo
quanto poderia nas mudanças do setor", declarou.
Entre os "problemas" identificados pelo presidente da ANS no projeto principal está o "cipoal burocrático", que prevê
a mobilidade com portabilidade dos usuários dos planos de saúde - que permite trocar de plano sem novo prazo de carência.
Para Fausto, é "fundamental" que a redação sobre a portabilidade seja "extremamente simples" para evitar ações na Justiça.
Simplicidade
Segundo Santos, inserir a portabilidade na legislação é positivo, porque traz maior segurança jurídica. Mas, avalia,
da forma com está no substitutivo [mediante insatisfação comprovada e acolhida pelo Poder Judiciário ou pela ANS], só pode
ocorrer sob litígio, com arbitragem da ANS. "A portabilidade deve ter regras simples para não criar dificuldades para as pessoas
garantirem seus direitos", declarou.
A mesma preocupação foi manifestada pelo diretor-executivo do Procon-SP, Roberto Pfeiffer, que também apresentou
diversas sugestões ao relator do projeto na comissão, deputado Cezar Silvestri (PPS-PR), autor do requerimento para a realização
da audiência.
Entre as propostas feitas pelo diretor estão a inclusão no projeto: de fiscalização dos planos coletivos pela ANS;
obrigatoriedade de entrega de contratos aos consumidores nos casos de planos coletivos; clareza que a carência de 24 horas
nos casos de urgência e abrangência abarca todo o tratamento decorrente do evento; e inclusão do dependente na vedação à suspensão
ou interrupção do contrato durante o período de internação. Essas sugestões foram respaldadas por outros participantes ligados
às entidades de defesa do consumidor.
Sistematização
Diante das sugestões, o deputado Vinicius Carvalho (PTdoB-RJ) propôs a criação de um grupo de trabalho para analisar
de maneira sistemática a regulamentação do setor de saúde suplementar. Ele se comprometeu a apresentar um requerimento nesse
sentido na próxima reunião da comissão, na quarta-feira (13). A proposta foi endossada pelo relator, Cezar Silvestri, que
convidou os participantes da audiência a integrarem o grupo. Silvestri tem mais 17 sessões da comissão para apresentar seu
relatório.
Fonte: Agência Câmara