20/10/2006

A tradicional homenagem aos que são exemplos dignos à Medicina

Dia do Médico



O Conselho Regional de Medicina do Paraná, Associação Médica do Paraná e Aliança Saúde promoveram em Curitiba, em 18 de outubro, solenidade conjunta em comemoração ao Dia do Médico. A cerimônia ocorreu no Auditório Bento Munhoz da Rocha Neto, do Teatro Guaíra, tendo em destaque a homenagem das instituições a médicos que são exemplos de conduta ética e humanitária e que dignificam a profissão. Concerto de Beethoven, com a Orquestra de Câmara da PUC-PR e sob regência do maestro Paulo Torres, encerrou o programa festivo, prestigiado por quase mil pessoas.

Como tem sido tradição nas últimas duas décadas, o CRM-PR reverenciou os médicos que completaram 50 anos de exercício profissional de forma exemplar, sem nunca terem recebido qualquer punição ética. Este ano, o Diploma de Mérito Ético-Profissional e o troféu "Estatueta da Medicina" foram conferidos a 30 médicos, um deles "in memoriam". O Conselho também fez a premiação dos vencedores do concurso de monografia, que este ano teve como tema "Morte: dilemas éticos do morrer". Foi a 17.ª edição do certame e o primeiro lugar coube à médica psiquiatra e artista plástica Sônia Wendt Nabarro.


A abertura da solenidade ocorreu às 19h, com todos os homenageados no palco, ladeando - em dois grupos - a mesa diretora, composta pelo provedor da Irmandade da Santa Casa de Curitiba e reitor da PUC-PR, Clemente Ivo Juliatto; o presidente do Conselho de Medicina, Hélcio Bertolozzi Soares; o presidente da AMP, José Fernando de Macedo; e o vice-presidente da Associação Medica Brasileira, Jurandir Marcondes Ribas Filho. O pianista Leonardo Pimpão Blume, sextanista de Medicina da PUC, executou a Grande Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, do compositor Louis Gottschalk. Após a atividade cívica, o mestre-de-cerimônias Emílio Pitta registrou a presença das demais autoridades, agradecendo ainda a presença dos convidados, em sua maioria médicos e familiares.



Pronunciamentos


O primeiro pronunciamento foi do representante da Aliança Saúde, Clemente Ivo Juliatto. Enalteceu a Medicina como um dos principais campos do ensino e pesquisa e por seus benefícios sociais. Lembrou que no próximo ano o curso médico da PUC-PR completará 50 anos e que, neste período, foram muitos os formandos, os quais são alcançados na homenagem pela data que referencia o evangelista São Lucas, o Patrono do Médico. Referiu-se à abnegação dos profissionais a cumprir a sua missão hipocrática e também aos hospitais, sem deixar de criticar a baixa remuneração que hoje compromete a estrutura dos serviços. O reitor da PUC fez o anúncio da mobilização em torno da criação do Museu da Medicina do Paraná, junto ao prédio da Santa Casa de Curitiba que, com seus 150 anos de história, constitui-se no berço do ensino médico no Estado. Clemente Juliatto assinalou que muitos dos que estavam ali, participando da solenidade como homenageado, por certo tinham estagiado na Santa Casa. Fechando sua fala, sobre a campanha de solidariedade à unidade hospitaliar e seu futuro museu, conclamou: "Vamos fazer da Santa Casa uma santa causa".


Em sua fala, o presidente do Conselho de Medicina, Hélcio Bertolozzi Soares, destacou a tradição da diplomação dos médicos que são exemplos dignos à profissão e que é uma forma de reverenciar toda classe. "Uma homenagem que nos faz sentir honrados em ser médicos e Ter um referencial a estimular os mais jovens a seguir a mesma trajetória. Legado para a atual e futuras gerações", referiu-se. Mais adiante disse: "Há de se reconhecer que erros existem, mas a grande maioria dos médicos exercita o seu dever com denodo, tenacidade e atualização, visando sempre o benefício de seu paciente. Ainda que a tecnologia avance de forma incontrolável, a presença do médico é relevante e insubstituível para amparar e cuidar do seu semelhante.


O presidente do CRM não deixou de manifestar a sua preocupação com a proliferação de escolas descompromissadas com qualidade e necessidades sociais, o que projeta um cenário sombrio com a chegada de médicos malformados e despreparados. Lembrou que o Brasil é o líder mundial de cursos de Medicina, chegando a 160, mas com perspectiva iminente de elevar ainda mais esse número. Só no Paraná, advertiu, são cerca de 10 cursos em articulação. Hélcio Bertrolozzi Soares assinalou que a questão não é só conter a abertura de cursos, mas fiscalizar os que existem para detectar deficiências e melhorar a formação "para que o futuro da Medicina seja fértil em exemplos de competência, solidariedade e dignidade".


José Fernando Macedo, presidente da AMP, também fez coro na crítica à multiplicação de escolas médicas, chamando a atenção para os reflexos negativos desse processo. Defendeu a congregação mais efetiva da categoria, como instrumento para valorizar a profissão e produzir efeitos positivos na atenção dos pacientes. Ainda em seu discurso, fez referência aos três ilustres médicos que estavam sendo homenageados pela AMP, fazendo a primeira referência ao Prof. Dr. Gastão Pereira da Cunha, que quatro décadas antes tinha presidido a mesma instituição. Destacou os 61 anos de atividade médica e seu exemplo de dedicação como professor e profissional. Enalteceu também a trajetória marcante dos outros dois diplomados da AMP, os Prof. Drs. Minao Okawa e Osvaldo Malafaia.


Vice-presidente da AMB, Jurandir Marcondes Ribas Filho encerrou a fala dos componentes na mesa diretora, tendo enfatizado a trajetória de trabalho e ensino empreendidos pelos homenageados, mas sem deixar de assinalar a importância de seus familiares pelo incentivo e compreensão ao longo da carreira. Jurandir Ribas Filho estendeu o cumprimentos a todos os médicos pela passagem da data comemorativa. Também enalteceu o trabalho empreendido pelos atuais presidentes do CRM e AMP em defesa das causas médicas e da sociedade.



Diplomações


A entrega dos diplomas da AMP, nas áreas de pesquisa e prática médica, marcou o início das homenagens da programação. O Prof. Dr. Gastão Pereira da Cunha foi distinguido com o mérito em pesquisa, em reconhecimento ao seu trabalho iniciado em 1945, quando se formou pela Faculdade de Medicina do Paraná. Ele não pôde comparecer e quem recebeu o diploma foi seu filho, Cláudio Pereira da Cunha, também cardiologista e ex-presidente da AMP. Minao Okawa, formado em 1968, também foi premiado na área de pesquisa, por sua atuação fora da Capital. Ele é professor do Departamento de Medicina da Universidade Estadual de Maringá. O Prof. Osvaldo Malafaia, também graduado em 1968, recebeu o reconhecimento por "Pesquisa Médica". É professor titular da UFPR e Evangélica e coordenador do Instituto de Pesquisas Médicas do Hospital Universitário Evangélico.


Na seqüência, ocorreu a diplomação dos Destaques da Medicina da Aliança Saúde. Os homenageados foram os Drs. Alberto Accioly Veiga, decano da Pontifícia Universidade Católica do Paraná; Ary de Cristan, ex-provedor da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Curitiba; e Hélio Brandão, fundador da Escola Estudantil de Concertos, precursora das Orquestras do Paraná. Patriarca da Família Brandão, referência da música paranaense, o ilustre médico também foi o fundador do chamado "Clube da Soda" e se constituiu no primeiro a receber do CRM-PR a "Medalha de Lucas".


Os 30 médicos distinguidos com o Diploma de Mérito Ético-Profissional, pelo Jubileu de Ouro, foram nominados por ordem alfabética, com a apresentação de suas fichas de inscrição no CRM. Para os que estiveram presentes ou foram representados, a exibição da ficha no telão foi acompanhada da imagem registrada antes da abertura da solenidade oficial, quando o presidente Hélcio Bertolozzi Soares fez a entrega individual do Diploma e do troféu "Estatueta da Medicina". Concluída a apresentação, o presidente do Conselho promoveu premiação do concurso de monografia. A psiquiatra e artista plástica Sônia Wendt Nabarro recebeu diploma e cheque de R$ 5 mil pelo primeiro lugar no certame. Como coordenadora da monografia selecionada em segundo lugar, a oftalmologista Nedy Maria Branco Cerqueira Neves recebeu o diploma e cheque de R$ 2 mil.


A fala do Prof. Dr. Osvaldo Malafaia, que se pronunciou em nome de todos os homenageados, precedeu o encerramento da etapa do programa, sendo dissolvida a mesa diretora no palco para a apresentação da Orquestra de Câmara da PUC. Sob a regência do maestro Paulo Torres, a orquestra executou concerto tríplice de Beethoven, para piano, violoncelo e violino.

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