25/05/2007
A saúde no Brasil
"Muita saúva, pouca saúde, os males do Brasil são". Infelizmente, ainda é tristemente válida essa frase de Mário de Andrade,
criada nos anos 20. Um dos setores mais mal resolvidos do País continua sendo exatamente o da saúde. Quando se vê a estrutura
o SUS temos uma tentação de sentirmo-nos no primeiro mundo. A União é o principal financiador da saúde pública no País. Ela
formula políticas nacionais, mas a implementação é feita por seus parceiros (estados e municípios). Na prática, não é bem
assim que funciona. As instituições privadas conveniadas ao SUS, como as Santas Casas, estão sempre reclamando dos baixos
índices de remuneração e atraso nos pagamentos.
Segundo a Constituição de 1988, a saúde é um dever do Estado e um direito de todos os cidadãos. Entretanto, anos de baixos
investimentos no setor fizeram com que grande parcela da população acreditasse cada vez menos nesta garantia constitucional.
Hoje, reduzir as desigualdades sociais e em saúde no Brasil ainda constitui um desafio árduo de ser superado. Com isso,
abre-se cada vez mais espaço para a medicina suplementar, uma cadeia produtiva que engloba seguradoras, planos de saúde, cooperativas
médicas, hospitais, médicos, laboratórios clínicos e laboratórios farmacêuticos.
O grande órgão articulador desse sistema é a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Caberia a ela providenciar a
unificação dos bancos de dados, das estatísticas, criar ratings para premiar as boas operadoras e punir as más. Mas é um órgão
apático, incapaz de fiscalizar e bloquear as dezenas de operadoras aventureiras que entram e saem do mercado. A própria Agência
deveria tratar de definir pesquisas periódicas para avaliar o grau de eficiência de cada plano. Esse é o modelo moderno de
regulação pelo mercado. Aperfeiçoamentos à parte, esse segmento mantém um ritmo constante de expansão. Toda vez que há um
crescimento econômico, ele incide favoravelmente no aumento da cobertura da saúde complementar. Uma evidência disso é que
as seguradoras voltam a oferecer planos para as pequenas e médias empresas e cogitam também voltar a oferecer planos individuais.
O aumento da renda per capita e o crescimento do número de empregos formais também concorrem para que uma maior parcela
da população contrate planos de saúde. De acordo com dados disponíveis, o impacto da melhora do cenário econômico foi sentido
principalmente porque 77% do mercado é constituído por planos coletivos de saúde.
Apesar da regulamentação posta em vigor, o mercado dos planos e seguros de saúde é livre para fixar seus preços. Além
disso, as muitas variantes existentes entre tipos de operadoras e planos de saúde oferecidos reduz a capacidade do usuário
de perceber qualidade e conseguir fazer diferenciação entre eles.
O que se pretende, neste tocante, é disponibilizar o máximo de informações para que o consumidor possa escolher o produto
que lhe seja mais razoável. Nesse sentido, os corretores de seguros exercem um papel fundamental como consultor do consumidor/segurado.
Eles conhecem o mercado, o histórico das operadoras.
O consumidor, aliás, reclama muito do encarecimento dos preços dos planos de saúde. Alguns fatores contribuem para isso,
entre eles o grande avanço tecnológico experimentado nas áreas médica e farmacêutica.
Hoje, convivem o raio-x e o ultra-som, com este último não eliminando o primeiro. Depois, veio a tomografia, que não eliminou
os dois primeiros e, em seguida, a ressonância magnética. Todos querem os serviços mais sofisticados, o que encarece o atendimento.
Os Estados Unidos é o modelo mais evidente de sistema de saúde majoritariamente centrado nos seguros privados (56%). Analisando
o cenário encontrado lá, percebe-se que, mesmo com todo o rigor técnico, os preços mantêm-se em elevação. Em síntese, o modelo
brasileiro de saúde suplementar está em evolução. O consumidor, em sua maioria, revela-se satisfeito com o atendimento. O
patamar da excelência, no entanto, ainda exige que alguns obstáculos sejam ultrapassados.
Fonte: Gazeta Mercantil