03/01/2011

A saúde espera respostas

Governo novo, velhos problemas. A expectativa de solução para as históricas dificuldades enfrentadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é tão grande quanto a responsabilidade dos gestores eleitos e de suas equipes em atender aos inúmeros pleitos que transitam pela área. Um dos mais importantes, sem dúvida, é o fim do subfinanciamento da saúde, o que impede investimentos no setor de uma forma geral e, por fim, mostra sua fatura nas emergências lotadas dos hospitais.

O desafio não será fácil. O Conselho Federal de Medicina já fez o alerta: a situação do orçamento da saúde para 2011 é uma das mais críticas dos últimos anos. Os recursos previstos para o setor são de R$ 75,6 bilhões. Na avaliação dão CFM, seriam necessários ao menos R$ 100 bilhões para dar conta do recado, um aumento de 38% com relação à dotação de 2010. Para acabar com este problema, o remédio é simples: a aprovação da lei que regulamenta a Emenda Constitucional 29, que tramita há anos.

O novo governo não pode ignorar a necessidade de valorizar o médico e os outros profissionais da saúde. Achincalhados por baixos honorários e vínculos empregatícios frágeis ou inexistentes, cada vez menos médicos aceitam trabalhar em condições precárias, em municípios distantes ou mesmo nas periferias de grandes centros. Não há falta de médicos no país, e o fim da desassistência não depende da abertura de cursos de Medicina em escala industrial e nem da revalidação irresponsável de diplomas obtidos no estrangeiro. A criação de uma carreira de Estado para o SUS, com remuneração digna e perspectivas de progressão, nos mesmos moldes de juízes e procuradores, é uma saída. Com ela, o governo teria mais facilidade de cumprir sua promessa de entrega de 500 unidades de pronto-atendimento (UPAs).


*Roberto Luiz D ávila - Presidente do Conselho Federal de Medicina

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