27/06/2013
Palestra discute como ajustar os interesses do jornalista e da fonte especializada em saúde, de maneira a transmitir informações corretas e relevantes para a sociedade
A primeira palestra do VIII Seminário Médico-Mídia “O papel da imprensa na divulgação de assuntos médicos e de interesse de saúde pública – Importância da interação entre as duas áreas”, ministrado pela presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico e diretora da revista Pesquisa FAPESP, Mariluce Moura, trouxe para debate questões relacionadas à saúde pública e como se dá o relacionamento entre a imprensa e as fontes, de forma que cada um possa atingir seu objetivo de informar e orientar a sociedade quando ambos têm pontos de vista opostos com relação ao tipo de divulgação que se deve aplicar a determinados assuntos.
Para a palestrante existem dois âmbitos dentro dos quais as fontes médicas devem ser consideradas: o preventivo e o curativo. “Existe uma expectativa por parte da fonte de que a imprensa e a mídia devem informar nem a necessidade de, obrigatoriamente, relativizar, opor as ideias, como se fosse melhor que a imprensa simplesmente afirmasse aquilo que é o pensamento hegemônico dentro das correntes da saúde e da Medicina. E é aí se estabelece o primeiro confronto entre os representantes (os responsáveis pelas questões médicas e de saúde pública) e o jornalista, pois um dos pressupostos do jornalismo é apresentar múltiplos lados de uma questão, inclusive com opiniões diversas”, afirma Mariluce.
O exemplo utilizado foi o da epidemia da gripe H1N1, em 2009, em que se questiona qual seria a forma correta de comunicar à sociedade não apenas o conhecimento, mas também o desconhecimento acerca do assunto. “Cabia à imprensa deixar essa incerteza visível, ao passo que não era o que as autoridades queriam. Como não criar pânico, mas fazer a população se proteger?”, questiona a palestrante. Ela destaca, ainda, a importância do exercício do jornalismo quando se trata de grandes coberturas, principalmente quando há jornalistas com diferentes graus de conhecimento e formação, e o papel imprescindível das fontes médicas nesse contexto. “O objetivo é tentar sempre construir algo em benefício do público. Se a imprensa, hoje, é um conceito ultrapassado, ela precisa ser pensada ainda como um lugar a partir do qual se produzem discursos que têm efeito na sociedade”, conclui.
No Jornalismo, um dos pontos que determinam se um fato é noticiável ou não é a proximidade do receptor da notícia do fato propriamente dito e, no caso da saúde, doenças, tratamentos e pesquisas aludem essa questão, sendo sempre de interesse da população. Mariluce encerra a palestra apresentando uma pesquisa do Data Folha de 2012, encomendada pelo LabJor da Unicamp, com estudos de percepção pública através de diferentes meios de comunicação. De acordo com a pesquisa, para os paulistas a Medicina e o Jornalismo estão entre as profissões mais valorizadas do país, em 2º e 5º lugar, respectivamente. Por fim, 34% dos entrevistados têm uma visão positiva da atuação dos profissionais médicos, e a percepção acerca da atuação deles é que têm por objetivo ajudar o paciente a viver mais e melhor.
Fonte: CRM-PR