03/05/2007
A reforma tributária exige o fim CPMF
O governo Lula deixou de repassar R$ 3,9 bilhões para a área de saúde no ano passado e utilizou parte desses recursos, oriundos
da CPMF, para financiar o pagamento de juros da dívida pública. Nas longas filas de espera dos hospitais públicos, nos corredores
onde se amontoam os pacientes, e nas emergências dos postos municipais, em todo o país, agoniza a tese de que a alíquota de
0,38% sobre as movimentações financeiras aumentaria o financiamento do setor. O imposto, que em sua denominação insinuava
caráter provisório, vale até 31 de dezembro deste ano e o governo já adiantou a intenção de prorrogá-lo até 2010. É hora de
darmos um basta em tanta incompetência. Se o governo precisa de mais receita, deve consegui-la de outra forma, e não às custas
do contribuinte. E acabar com a CPMF é apenas o primeiro passo para a reforma tributária tão necessária em nosso País.
Ao invés de cortar gastos, e economizar, nos últimos anos, o governo tem preferido criar novos impostos e tributos. Desde
1995, quando foi instituída, a CPMF arrecadou R$ 207 bilhões, o que corresponde a mais de 8% do total da receita da União.
Entre 1997 e 2006, o recolhimento do imposto subiu mais de 158%. Atualmente, os impostos pagos pelo contribuinte ultrapassam
30% do PIB. Impedir a terceira prorrogação do tributo - a primeira ocorreu em 1999 e a segunda em 2000 - é traçar o caminho
para diminuir a carga tributária que atinge pessoas físicas e o desenvolvimento de empresas. A redução da carga tributária
é importante, inclusive, para trazer para a formalidade milhões de trabalhadores e empreendimentos que muitas vezes têm que
optar entre pagar impostos ou continuar em atividade.
Os argumentos utilizados pelo governo para prorrogar a validade da CPMF são frágeis. Em 12 anos, as melhorias no atendimento
do Sistema Único de Saúde foram mínimas. O combate à sonegação é perfeitamente desempenhado pela Lei do Sigilo Bancário (105/2001).
E, finalmente, quando o presidente diz que a prorrogação da cobrança do imposto é indispensável para o sucesso do PAC, ele
simplesmente desrespeita a Constituição, já que não pode contar com recursos que, segundo a Carta Magna, deixarão de ser cobrados
ao fim deste ano.
Se os R$ 207 bilhões da CPMF tivessem circulado na economia, teriam gerado renda através de impostos, como o ICMS e o
ISS. Com isso, o governo não precisaria maquiar o PIB do ano passado, pois ele seria 1,5% maior. Além disso, especialistas
concordam que a taxa é injusta, por não observar a renda de cada contribuinte individualmente. A alíquota de 0,38% incide
tanto nas movimentações daqueles que recebem um salário mínimo como na daqueles que pertencem a classes mais abastadas.
É preciso realizar uma reforma tributária eficiente, que desonere o país e o cidadão. Em respeito às leis brasileiras,
e por acreditar que o imposto não é usado de forma adequada, a Frente Nacional em Defesa da Constituição e pela Extinção da
CPMF, além de oportuna, deve ser abraçada por toda a sociedade. Protelar a solução definitiva para os problemas do país é
retardar o desenvolvimento.
Fonte: Gazeta Mercantil