18/10/2006
A medicina através da Internet
Consultas, diagnósticos, prescrições e até aulas; os limites dos médicos e pacientes na Rede
Num meio de comunicação onde o acesso é irrestrito e circulam infinitas informações que geram impacto na saúde e vida
das pessoas, é preciso ter bem definido o que é permitido dentre os conhecimentos, os serviços médicos ofertados e as vendas
de produtos pela Internet. Os limites têm como referência o fato de que o mundo virtual jamais substituirá o olhar clínico.
A relação entre médico e paciente é primordial e obrigatória para o exame, diagnóstico e, consequentemente, prescrição de
medicamentos e formulação de terapias.
''O exame físico, o tête-à-tête corresponde a 50% da consulta, além disso, cerca de 99% das especialidades requerem o
diálogo entre médico e paciente. Por mais que sejam feitas perguntas on line, com certeza o raciocínio clínico ficará alterado
se o paciente não for examinado'', informa José Fernando Macêdo, presidente da Associação Médica do Paraná. ''É proibido qualquer
avaliação clínica através de meios de comunicação de massa. Não existe segurança absoluta para serem repassadas informações
sigilosas'', disse o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), Hélcio Bertolozzi Soares.
Qualquer entidade, instituição ou médico pode usar a internet para esclarecer os pacientes sobre a saúde ou para a educação,
mas o CRM reprova a consulta on line. ''A prescrição médica não pode existir sem que o paciente tenha sido examinado antes.
Se chegar uma denúncia desta natureza e que apresente uma situação fora da normalidade, alertamos de imediato o responsável
para que retire o site do ar. Quando se trata de uma situação grave e sem justificativas, é aberta sindicância e até um processo
ético contra o profissional'', esclarece Soares.
''Não tenho conhecimento desse tipo de atendimento médico. Caso aconteça, é uma transgressão e se chegar até nós, o colega
certamente será penalizado'', diz ele, informando que o CRM fez uma parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) para
criar programas que ofereçam maior segurança às informações de prontuários médicos.
É permitido o uso da Internet para fins médicos em teleconferências com o objetivo de discutir características clínicas,
mantendo o sigilo do paciente, além de ser um instrumento de articulação entre estudantes, profissionais e especialidades.
O setor de Neurocirurgia do Hospital Cajuru da Pontifícia Universidade Católica (PUC-PR) criou, há dois meses, um site
(www.neuropucpr.com.br) que dispõe de informações gerais da área médica, como exames preparatórios, descrição dos procedimentos
neurocirúrgicos mais comuns, tecnologias e os currículos do médicos.
Outro recurso que estará disponível em breve é a ''visita virtual'', na qual o paciente poderá fazer, pelo computador,
um passeio pelo Cajuru. A equipe de oito médicos do setor se divide, de acordo com a especialidade, para responder às solicitações
do ''Fale Conosco''.
''Não se trata de consultas on line e sim de um portfólio dos serviços médicos oferecidos no Cajuru. É só outra forma
de receber o paciente, sugerindo que consulte o conteúdo do site e dependendo do que for relatado, orientamos a pessoa a procurar
um médico'', esclarece o diretor do serviço de neurocirurgia do Cajuru, Luiz Roberto Aguiar. Outro objetivo do site é divulgar
o trabalho de neurocirurgia do hospital, que busca aumentar a demanda atual de 1,2 mil neurocirurgias por ano; destas, 70%
são pelo SUS e 30% referentes a convênios e particulares.
Fonte: Folha de Londrina, 18/10/2006