24/09/2010
A ética, a política e o poder do voto
Como ocorre a cada quatro anos, vivemos um momento especial. Podemos, com um único voto, escolher presidente, vice-presidente,
governadores, vice-governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais. Festa democrática, as eleições materializam
de forma plena o exercício da cidadania.
Em 2010, há 14.774 candidatos considerados aptos pela Justiça Eleitoral para correr atrás de seu voto. Desse total, 481
se declararam médicos, ou seja, 3,25%. Há também 1.294 empresários, 953 advogados, 761 comerciantes, 312 administradores e
94 policiais civis numa plêiade que inclui centenas de outras ocupações.
Cerca de 60% possuem nível superior; 32,91% têm o ensino médio; 11,13%, o ensino fundamental e 0,6% informaram ser analfabetos
ou saberem apenas ler e escrever. Os dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indicam que 20,45% dos postulantes são mulheres
e 12,6% deles apresentam idades na faixa de 18 a 34 anos. O restante se divide em grupos de 35 a 44 anos (26,9% dos candidatos),
de 45 a 59 anos (47,4%), de 60 a 69 anos (10,2%) e 70 ou mais anos (2,66%). É desse universo que sairão nossos próximos governantes
e representantes políticos.
É chegada a hora de fazermos nossa reflexão final e nos prepararmos para exercer nossa cidadania e direitos políticos.
O voto não é apenas exigência burocrática. Trata-se de um direito constitucional que permite interferir - por meio dos representantes
eleitos - em temas com impacto direto sobre a vida da população.
Nascemos num Estado democrático, portanto não devemos deixar que outros decidam por nós. Nossas opiniões precisam ser
respeitadas no jogo político, contribuindo para o fortalecimento e a consolidação da democracia. Com um simples gesto valorizaremos
nossa história.
A primeira eleição em território brasileiro aconteceu em 1532, na vila de São Vicente, sede da capitania de mesmo nome,
para a escolha de seu conselho administrativo. Quase cinco séculos nos separam deste fato. Hoje, somos cerca de 125 milhões
de eleitores, prontos para expressar nossa opinião, a qual repercutirá na vida do país pelos próximos quatro anos.
Em 7 de junho passado, a Lei Complementar 135/10 - conhecida como Ficha Limpa -, introduziu novo ingrediente ao cenário
eleitoral. Alguns classificaram sua aprovação como um marco histórico. A regra, que trata da proibição de candidaturas de
pessoas com pendências judiciais, chegou embalada por mais de 1,6 milhões de assinaturas ao Congresso.
Sua implementação jogou luz sobre a importância da ética e da cidadania. Por um lado, temos a ética, que deve ser a bússola
no trabalho realizado pelos que assumem funções públicas; por outro, a cidadania, que deve ser exercida por cada um de nós,
no momento da escolha de nossos representantes.
Nós, médicos, devemos pesar em nossa decisão o comprometimento dos nossos escolhidos com as causas da medicina e da saúde.
É importante construirmos no Congresso e nas assembleias, bancadas implicadas com projetos e propostas de valorização da assistência
e dos profissionais com ela envolvidos.
Certamente, os candidatos que comungam de nossos princípios e valores e conhecem a fundo a nossa missão possuem condições
de nos representar dignamente. Ao exercermos nosso direito, que o façamos comprometidos com um Brasil melhor. Nosso voto fará
a diferença! Boa escolha a todos.
Artigo escrito por Roberto Luiz d'Avila,presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM).