Em 2010, mesmo com a pesada propaganda governamental que procura sempre descaracterizar a realidade, a saúde vai muito
mal. Falta tudo. As ações estatais cresceram, mas continuam insuficientes para as necessidades. A questão dos recursos para
o setor saúde continua abaixo da necessidade mínima. Mas, não são os recursos que resolvem os complexos problemas no sistema.
Fala-se muito na falta de médicos, fala-se muito pouco nas inadequadas condições de trabalho e na baixa remuneração.
A informatização na saúde veio para ficar. Apesar de faltarem vacinas, a telemedicina já existe. O avanço na tecnologia
com seus altos custos já deixam em plano inferior a figura do médico e a relação médico-paciente. Nos consultórios, convivemos
com situações constrangedoras quando o próprio paciente solicita exames, não dando nenhuma importância à anamnese e ao exame
físico. A consulta é rápida, basta aceitar a proposta do paciente. Como a remuneração é baixa, a quantidade pode prevalecer
sobre a qualidade. Perde a Medicina, perdem os médicos, perde, principalmente, o paciente.
Com a tendência de mercado, a cada dia que passa a figura do médico vai sendo substituída pela máquina. Já há robôs que
operam! O principal departamento das novas escolas de medicina é o da informática. Estudos importantes como a anatomia são
realizados em manequins.
No ano 2020, o paciente, ao procurar tratamento, poderá deparar com a seguinte situação:
"Na entrada uma máquina dirá (voz gravada):
1) Faça a sua identificação. Passe seu cartão de convênio;
2) Posicione-se à frente do computador (serão vários);
3) Qual é a sua queixa?
4) Pelo protocolo, responda:
a) Onde dói?
b) Desde quando?
5) Estenda sua mão colocando no suporte para leitura completa do seu sangue.
6) Você será submetido ainda aos seguintes exames, seguindo o protocolo:
- Ultrassom;
- Raio X;
- Tomografia computadorizada;
- Ressonância magnética;
- outros.
Receba na impressora seu relatório. (Tudo rápido, sem filas, sem reclamações).
O relatório, além de conter exames, contém também hipóteses diagnósticas. Com ele você poderá também consultar o Google
que irá lhe indicar um médico para resolver o seu problema."
Quem será este médico? O procedimento é ético? Os pacientes aceitarão este método?
OBS: a queixa era cefaleia e a causa era emocional.
Adeus Hipócrates... Saudades do professor João Galizzi...
Editorial escrito pelo Cons. João Batista Gomes Soares, presidente do CRMMG, para o href="http://jornal.crmmg.org.br/v2/index.php?edicao=2010/28&titulo=Editorial&pagina=se01.php" target="_blank">informativo
mensal da entidade médica mineira n.º 28.